O “the flash”
Os “the flash” são um dos tipos mais perigosos. Costumam encantar futuros empregadores, pelos seus feitos além da capacidade humana. Numa época em que o budget é minguado, os salários reduzidos, e os prazos absurdos excedem os limites do realizável, o “the flash” desponta como o
salvador da pátria.
A correção de bugs que os outros fazem em meia hora, ele faz em 5 minutos. O sistema que uma equipe inteira pede uma semana para fazer, ele promete em dois dias.
O site completo com lay-out e tudo, está pronto em menos de um dia. Fantástico.
Toda essa promessa é premiada com um salário acima da média. Mas na realidade, as coisas não correm tão bem assim.
O sistema perfeito feito em dois dias leva um mês para começar a fazer água. As correções de bugs em 5 minutos, geram centenas de outros bugs mais graves ainda, que só serão descobertos dentro de alguns meses. O site completo montado em um dia, se mostra impossível de dar manutenção. Totalmente confuso, seu código fonte está espalhado em centenas de pastas e
arquivos com nomes obscuros como “ent_1_2_nov_32.htm”. Códigos fonte sujos, cheios de “blank.gif” e uma lógica totalmente impenetrável, completam o quadro de horrores.
Ninguém quer ter a maldição de pegar um sistema feito por um “the flash”. O “certinho” sofre porque não consegue entender o código. O “peão de agência” nem tem gabarito técnico para chegar lá. O “overqualified” torce o nariz. Simplesmente diz que não mete a mão em tal cumbuca. Por isso a bomba acaba sobrando sempre para o “tiozinho”. Que faz toda a faxina rangendo os
dentes, é claro.
O problema do “the flash” é que ele é endeusado. No início, os superiores o enxergam como uma pepita de ouro. Só descobrem os danos causados por esse tipo quando o “the flash” já está bem longe – após ser chamado em outra agência para ganhar mais, repetindo todo o ciclo.
Depois de sua saída, os efeitos de sua breve permanência na empresa ainda se fazem sentir por um bom tempo. Mais ou menos como um tsunami numa área sem alarme, ou um acidente de Césio-137.
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